Post

Estratégias de Modernização de Aplicações: Aplicando os 6Rs com o Cloud Adoption Framework

Introdução

A modernização de aplicações na nuvem é extremamente importante para que as organizações maximizem suas capacidades oferecidas pela computação em nuvem. No contexto do Microsoft Azure, as estratégias de modernização podem ser categorizadas em quatro grandes abordagens: Innovate, Migrate, Modernize e Retire. Cada uma dessas abordagens oferece diferentes caminhos para otimizar, reestruturar ou descontinuar aplicações, de acordo com as necessidades específicas de negócios e tecnologia. Neste artigo, exploraremos essas estratégias detalhadamente, utilizando o framework dos 6Rs como base para a tomada de decisões.

1. Innovate

Inovar na nuvem vai além da simples migração de aplicações existentes. Trata-se de reimaginar e reconstruir aplicações para explorar as capacidades e possibilidades únicas que a nuvem oferece. A inovação envolve transformações profundas, como a reestruturação da arquitetura ou até a reconstrução completa das aplicações. As abordagens dentro da categoria Innovate incluem:

Rearchitect (Rearquitetar):

Rearquitetar consiste em uma reestruturação significativa da arquitetura da aplicação, visando otimizar seu desempenho e funcionalidade no ambiente de nuvem. Esse processo pode envolver a adoção de abordagens modernas, como microsserviços, computação serverless e arquiteturas orientadas a eventos. Essas abordagens melhoram a escalabilidade granular e aumentam a resiliência da aplicação, permitindo que ela responda de forma eficiente a variações de demandas e falhas.

Quando usar Rearquitetar:

  • Alta Escalabilidade e Resiliência: Use quando a aplicação precisa escalar e resistir a variações na demanda.
  • Limitações Estruturais: Quando a arquitetura atual impede a adoção de novas tecnologias ou cenários modernos.

Rebuild (Reconstruir):

Reconstruir é a abordagem ideal quando a aplicação atual não pode ser adaptada para atender às necessidades futuras ou novas demandas de negócios. Ao reconstruir uma aplicação do zero utilizando, por exemplo, tecnologias cloud native, é possível introduzir novas funcionalidades, melhorar a escalabilidade e flexibilidade, e alinhar a aplicação com as melhores práticas de desenvolvimento moderno. Essa abordagem facilita a criação de soluções compatíveis com as capacidades avançadas da nuvem, como inteligência artificial (IA), machine learning e análises em tempo real.

Quando usar Reconstruir:

  • Inadequação Tecnológica: Use quando a aplicação não acompanha as demandas tecnológicas atuais ou futuras.
  • Aproveitamento Máximo da Nuvem: Quando o objetivo é explorar ao máximo capacidades como IA e machine learning.

Replace (Substituir):

A abordagem Replace consiste em substituir uma aplicação existente por uma solução de Software as a Service (SaaS) ou outra solução comercial pronta. Essa estratégia permite à empresa evitar os custos e o tempo envolvidos na modificação ou manutenção de uma aplicação legada, optando por uma solução que já atende de forma mais eficiente às necessidades do negócio. Ao adotar uma solução SaaS, a organização também se beneficia de atualizações contínuas, suporte especializado e a possibilidade de escalabilidade sem a complexidade de gerenciar a infraestrutura subjacente.

Quando usar Replace:

  • SaaS como Solução Ideal: Quando uma solução SaaS moderna atende melhor às necessidades do negócio e pode ser implementada facilmente.
  • Custo-Benefício: Quando os custos de manter ou modernizar a aplicação atual superam os benefícios, tornando a substituição por uma solução pronta mais econômica e estratégica.

Inovação Relacionada à Adoção da Nuvem

A inovação na nuvem é um diferencial competitivo, vai além da migração ou modernização, desbloqueando novas capacidades técnicas e expandindo as possibilidades de negócios. No Cloud Adoption Framework, o foco é entender profundamente as necessidades dos clientes e criar inovações que transformem a forma como eles interagem com os produtos da empresa.

Para saber mais sobre o CAF, confira esse artigo no meu blog.

Implementação de Inovação com MVPs

Uma abordagem eficaz é começar com um Produto Mínimo Viável (MVP), que é uma versão inicial de um novo recurso ou aplicação. O MVP oferece funcionalidade suficiente para coletar feedback dos usuários e validar a possibilidade da inovação. Esse processo de construir, medir e aprender permite ajustes rápidos para atender melhor às necessidades dos clientes.

2. Migrate

A migração para a nuvem é a maneira mais rápida de levar aplicações ao Azure, permitindo que as organizações operem na nuvem da mesma forma que estava no onpremise. Essa abordagem é especialmente vantajosa para empresas que buscam agilidade na transição, aproveitando rapidamente os benefícios da escalabilidade, flexibilidade e redução de custos operacionais, o famoso OPEX . A principal estratégia dentro da categoria Migrate é o Rehost, também conhecido como “vai do jeito que dá”, traduzido do lift-and-shift.

Rehost (Reospedagem):

O Rehost envolve mover aplicações para a nuvem sem modificar o código ou a arquitetura existente, um exemplo prático é mover uma virtual machine do jeito que ela se encontra no onpremise para a cloud. Essa abordagem é ideal para empresas que desejam desativar rapidamente datacenters locais ou que precisam migrar urgentemente, mas cujas aplicações já atendem aos requisitos de negócios e não necessitam de mudanças significativas no curto prazo.

Quando Usar Migrate:

  • Migração Urgente: Move aplicações para a nuvem rapidamente, com mínima complexidade.
  • Preservação de Funcionalidade: Mantém as aplicações inalteradas enquanto as transfere para a nuvem.

Visão Geral da Migração no Azure

O processo de migração para o Azure é estruturado para garantir uma transição suave e eficaz, minimizando riscos e maximizando os benefícios da nuvem. A migração segue a metodologia do Cloud Adoption Framework (CAF), dividida em quatro estágios principais: Preparação, Avaliação, Implantação e Liberação.

  1. Preparação: Garante que todos os pré-requisitos sejam atendidos e que as equipes estejam prontas para o projeto. Inclui o alinhamento organizacional, a seleção de regiões do Azure e a preparação da infraestrutura necessária.
  2. Avaliação: Analisa as cargas de trabalho e o ambiente existente para identificar a melhor abordagem de migração, documentando a complexidade do cenário.
  3. Implantação: Replicação e modernização das cargas de trabalho na nuvem, preparando-as para a gestão contínua.
  4. Liberação: Testes, otimização e liberação das cargas de trabalho para as operações, com documentação completa do processo.

Ferramentas para Migração:

FerramentaFuncionalidadeDescrição
Migrações para Azure: Descoberta e AvaliaçãoAvaliar servidores locais (SQL, Web)Avalia servidores VMware, Hyper-V e físicos para migração para o Azure.
Migração e ModernizaçãoMigrar servidoresMigra VMs de VMware, Hyper-V, servidores físicos e VMs públicas para Azure.
Assistente de Migração de DadosAvaliar bancos de dados SQL ServerAvalia e identifica bloqueadores e melhorias para migração de SQL Server.
Serviço de Migração de Banco de Dados do AzureMigrar bancos de dadosMigra bancos de dados locais para SQL Server no Azure.
Migration Assistant de Aplicativo WebAvaliar e migrar aplicativos WebAvalia e migra aplicativos .NET e PHP para o Serviço de Aplicativo do Azure.
Azure Data BoxMigrar dados offlineTransfere grandes volumes de dados offline para o Azure.

3. Modernize

Modernizar aplicações é um algo fundamental para extrair o máximo valor dos recursos nativos da nuvem. Diferente de uma simples migração, a modernização envolve ajustes na arquitetura ou na plataforma da aplicação, sem necessidade de reestruturação completa. A principal abordagem dentro da categoria Modernize é o Replatform.

Replatform (Replataforma):

O Replatform envolve pequenas alterações na aplicação para que ela execute de maneira mais eficiente no ambiente de nuvem. Isso pode incluir a migração de um banco de dados para uma solução gerenciada ou a adaptação da infraestrutura para utilizar serviços de Plataforma como Serviço (PaaS). Essa abordagem melhora a eficiência operacional e reduz o custo total de propriedade (TCO), mantendo a integridade das funcionalidades principais.

Quando Usar Modernize:

  • Aproveitamento de Recursos Nativos da Nuvem: Quando a aplicação pode se beneficiar significativamente dos recursos nativos da nuvem, como serviços gerenciados e automação, sem grandes mudanças estruturais.
  • Foco em Eficiência e Redução de Custos: Quando o objetivo principal é melhorar a eficiência operacional e reduzir o TCO, aproveitando os serviços gerenciados da nuvem.

Modernização na Nuvem: Uma Abordagem Estruturada

A modernização é estruturada em duas fases principais:

  1. Alinhamento de Negócios: Identifica as cargas de trabalho que mais irão se beneficiar da modernização e estabelece um roteiro detalhado para alcançar esses objetivos.
  2. Estratégias de Modernização: Adota novas tecnologias e metodologias, como DevOps e PaaS, para aprimorar processos, aplicativos e bancos de dados.

Benefícios da Modernização:

  • Maximização da Produtividade: Libera as equipes para focarem na inovação, reduzindo a sobrecarga de gerenciamento.
  • Redução de Custos: Adotar soluções PaaS e modernizar processos operacionais, diminuindo os custos de manutenção de infraestrutura.
  • Aumento da Agilidade: Agiliza a resposta às mudanças de mercado, permitindo lançamentos rápidos de novas funcionalidades.

Implementação de PaaS para Modernização

A modernização pode ser realizada através de várias soluções de PaaS, cada uma oferecendo um equilíbrio diferente entre controle e produtividade:

  • Container PaaS: Como o Azure Kubernetes Service (AKS) e Azure Red Hat OpenShift, oferecem maior controle sobre cargas de trabalho, gerenciando todo o cluster, manutenção e implementação.

  • Application PaaS: Recursos como Azure App Service, Azure Spring Cloud e Azure Functions proporcionam um facilidade entre controle e produtividade, onde a plataforma gerencia a disponibilidade e a implementação.

  • Low/No Code PaaS: Ferramentas como Power Apps e Power Automate permitem a construção rápida de aplicações com pouca ou nenhuma codificação, maximizando a produtividade e o tempo de mercado.

Se ainda estiver em dúvida, confira a árvore de decisões abaixo para identificar qual serviço de computação na Azure melhor atende às suas necessidades

Modernização de Bancos de Dados na Nuvem

A modernização de bancos de dados pode melhorar significativamente a forma como você armazena, processa e utiliza dados. O objetivo é aumentar a confiabilidade, o desempenho e reduzir custos. Existem soluções de PaaS e IaaS disponíveis para modernizar qualquer tipo de banco de dados na nuvem.

Categorias de Soluções de Banco de Dados:

  • Azure SQL: Soluções para SQL Server e outros bancos de dados SQL de código fechado.
  • Open-source e NoSQL: Soluções para bancos de dados SQL de código aberto e NoSQL.

Cada categoria de banco de dados oferece três soluções: duas de PaaS e uma de IaaS. Essas opções permitem um equilíbrio entre controle e produtividade, suportando diferentes origens de bancos de dados.

Azure SQL:

  • SQL Server em máquinas virtuais (IaaS)
  • Azure SQL Managed Instance (PaaS)
  • Banco de Dados Azure SQL totalmente gerenciado (PaaS)

Open-source SQL & NoSQL:

  • MySQL, MariaDB ou PostgreSQL em máquinas virtuais (IaaS)
  • Azure Cosmos DB e Azure Managed Instance para Apache Cassandra (PaaS)
  • Bancos de dados MySQL, MariaDB e PostgreSQL totalmente gerenciados (PaaS)

4. Retire (Desativar)

À medida que as organizações evoluem, nem todas as aplicações continuam a agregar valor. Em alguns casos, a estratégia mais eficiente é desativar ou aposentar uma aplicação. O processo de Retire envolve a desativação de aplicações que não são mais necessárias ou que foram substituídas por soluções mais modernas e eficientes. Essa abordagem simplifica a infraestrutura de TI e otimiza os recursos, redirecionando esforços e investimentos para áreas que realmente necessitam de suporte.

Quando usar Retire:

  • Substituição por Alternativas Modernas: Quando a aplicação foi substituída por uma solução mais moderna que oferece maior eficiência e alinhamento com as metas de negócios.
  • Manutenção Injustificável: Quando a aplicação exige um esforço de manutenção desproporcional aos benefícios que oferece.
  • Redução de Complexidade: Quando a simplificação da infraestrutura é uma prioridade, aposentando sistemas legados para melhorar a agilidade da TI.

Processo de Retire: Passos para Desativação Eficiente

  1. Avaliação de Aplicações: Análise da relevância e do custo de manutenção da aplicação para o negócio.
  2. Planejamento de Desativação: Documentação completa e comunicação clara com stakeholders sobre o processo de desativação.
  3. Execução da Desativação: Realização de backups, arquivamento de dados e desativação controlada da aplicação.
  4. Revisão Pós-Desativação: Monitoramento do ambiente após a desativação e preparação de um relatório final.

Benefícios de Retirar Aplicações:

  • Simplificação da Infraestrutura: Reduz a complexidade operacional e os custos associados.
  • Otimização Financeira (FinOps): Otimiza a utilização e o custo dos recursos na nuvem.
  • Sustentabilidade (GreenOps): Reduz o consumo de energia e promove práticas de TI mais verdes.

Conclusão

A modernização de aplicações na nuvem é um processo que exige uma análise cuidadosa de cada aplicação em relação às necessidades do negócio e às capacidades da nuvem. As estratégias agrupadas em Innovate, Migrate, Modernize e Retire fornecem um framework flexível para orientar as decisões de modernização. Ao aplicar essas estratégias, as organizações não apenas migram para a nuvem, mas também garantem que suas aplicações estejam otimizadas para o futuro, oferecendo o máximo valor ao negócio.

Este artigo oferece uma visão clara das opções disponíveis para a modernização de aplicações, auxiliando você a tomar decisões importantes e a planejar uma transição bem-sucedida para a nuvem.

Este post está licenciado sob CC BY 4.0 e pelo autor.